O debate pôs em evidência que, passados 3 anos da transformação do Arsenal do Alfeite em sociedade anónima, ter sido esta uma medida altamente gravosa para a Marinha de Defesa, para a economia nacional, logo, para todo o país.

  Cerca de 300 trabalhadores foram colocados em "mobilidade especial", ficando impedidos de desempenharem a sua actividade profissional, criando problemas acrescidos à capacidade operacional do Arsenal.  

Para a Marinha, verificou-se que o preço das respectivas reparações, subiu de tal forma, que tornou praticamente impossível a sua manutenção, levando a que muitos Navios não possam sair para missões de patrulhamento devido à falta de segurança.   Ao mesmo tempo que o governo descura essa missão importantíssima para a segurança e soberania nacionais, quer ter em estado de prontidão, navios para cumprir cotas da NATO, quer em exercícios quer em agressões militares promovidas por potências imperialistas.   

Saltando claramente à vista que a intenção do governo será a parcial ou total privatização do estaleiro, a exemplo do sucedido com as OGMA, esta é uma situação que os trabalhadores rejeitam veemente.  

Constatou-se que os trabalhadores também sentem no seu dia a dia estas terríveis consequências, sendo todos os dias confrontados com ataques aos seus direitos, como por exemplo a polivalência funcional forçada. Devido a ausência de trabalho em algumas áreas profissionais, os trabalhadores são forçados a desempenhar outro tipo de funções, não as inerentes à sua profissão, sem qualquer tipo de formação para tal com consequências directas na qualidade do serviço prestado. Ainda acerca do pessoal, verifica-se também uma enorme preocupação por parte dos trabalhadores, na transmissão de conhecimentos das gerações mais antigas para as mais novas, uma vez que no fim do ano de 2013, cerca de uma centena de trabalhadores pretendem requerer a aposentação, situação que a breve prazo irá causar mais uma forte quebra na capacidade operacional do estaleiro.

  Neste debate, em que participaram trabalhadores e reformados do antigo e do actual arsenal, dirigentes sindicais, autarcas locais e outras associações ligadas ao concelho de Almada, ficou bastante claro a importância do Arsenal do Alfeite para o tecido social no respectivo concelho e da região.  

Por mais de uma vez se reafirmou a necessidade de defender esta importante empresa, este polo estratégico de desenvolvimento da região. Uma região que tem sido vitima dos interesses dos grandes grupos económicos e das politicas que destruíram grande parte do seu aparelho produtivo.  

O facto de desde 1996 estar em curso uma manobra que visa alterar o âmbito dos terrenos do Arsenal do Alfeite, em sede de PDM, atesta bem qual o modelo de desenvolvimento que os grandes grupos económicos, e os sucessivos Governos a que deram suporte, defendem para o país e quais as consequências que isso traz para os trabalhadores e o povo. Ou seja, há quem pretendem ver os terrenos do Arsenal do Alfeite transformados em novos condomínios e urbanizações, sacrificando-se a independência nacional em favor de lucros privados, destruindo-se centenas de postos de trabalho para gaudio da especulação imobiliária.   Ficou portanto provado que a passagem do Arsenal do Alfeite a SA, nada trouxe de positivo, seja para os trabalhadores, seja para a Marinha, seja para o país, pelo que a iniciativa legislativa promovida pelo PCP, no sentido de se nacionalizar e integrar novamente o Arsenal do Alfeite na Marinha, é necessária e urgente para acabar com o rumo de decadência desta instituição do concelho de Almada, da Região, do País.

  Só assim será possível ao Arsenal do Alfeite sair do marasmo a que foi votado pelos Governos PS, PSD e CDS/PP, e assumir o seu papel de empresa estratégica para a Marinha de defesa e para a independência nacional, defendendo os postos de trabalho e o saber de experiência feito, ao longo de tantos anos de história.   Em conclusão, reafirmou-se o apoio dos trabalhadores ao projecto-lei a apresentar pelo PCP. na Assembleia da República, com vista a que o Arsenal seja devolvida à marinha, a disponibilidade da luta dos seus trabalhadores na defesa desta solução, e ainda a participação na jornada de luta promovida pela CGTP, no próximo sábado, dia 16 de Fevereiro.