Bento Gonçalves

Secretário-Geral do PCP


Operário Arsenalista


Jovem operário do Arsenal, activista sindical, Bento Gonçalves tem um papel decisivo na reorganização de 1929: no combate às concepções anarquistas, na ligação do Partido à classe operária, na sua transformação num partido leninista.


 


Na Conferência de Abril de 1929 é designado secretário-geral do PCP.

Em 1935, participa no VII Congresso da Internacional Comunista, em Moscovo.

Preso a 11 de Novembro desse ano, foi enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal onde morreu em 11 de Setembro de 1942.

Francisco Miguel


In «Correio do Planalto» Agosto de 1975

(...)Foi sob a direcção de Bento Gonçalves que o Partido Comunista Português, fundado em Março de 1921, começou a ser orientado por uma linha verdadeiramente marxista-leninista que assegurou a justeza da sua orientação, lhe permitiu ligar-se às massas e, não só resistir à repressão fascista, mas desenvolver-se e crescer dentro dessas difíceis condições.

 É sabido que o PCP foi o único Partido que o fascismo não foi capaz de suprimir. E é à justa e firme orientação imprimida ao PCP por Bento Gonçalves que se deve, fundamentalmente, esta grande vitória dos comunistas portugueses que é ao mesmo tempo e principalmente, uma vitória da classe operária portuguesa.

Só a classe operária foi capaz de produzir dirigentes revolucionários como Bento Gonçalves, e forjar o único Partido que o fascismo não foi capaz de destruir, não obstante tê-lo sempre como o alvo principal da sua feroz repressão.

Bento Gonçalves, nascido no concelho de Montalegre, Trás-os-Montes, com excepcionais dotes de inteligência, foi o operário mais esclarecido e da mais firme têmpera revolucionária do seu tempo e um dos que mais se sacrificou na luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.

Bento Gonçalves foi um comunista totalmente entregue à causa da libertação dos trabalhadores.

Bento Gonçalves começou a trabalhar em Lisboa, ainda muito novo, como torneiro de madeira, passando depois a torneiro de metais e foi nessa profissão que deu provas da sua grande capacidade e perícia profissionais.


Como operário do Arsenal da Marinha, ali ganhou a estima e o respeito de todos os seus camaradas de trabalho, pela maneira humana e amiga como sabia viver e conviver com todos os outros companheiros de trabalho.

Encabeçando a luta dos operários do Arsenal da Marinha, de cujo sindicato foi o mais activo e mais esclarecido dirigente, Bento Gonçalves impôs-se ao respeito dos próprios dirigentes e directores da empresa. A sua competência profissional era de tal ordem que nunca qualquer engenheiro, por mais conhecedor que fosse, pôde deixar de reconhecer a invulgar competência do operário calmo, modesto que era Bento Gonçalves. Poder-se-á dizer que um dos traços da sua grandeza e da sua alma de revolucionário estava na sua natural e visível modéstia. (...)

No dia 11 de Setembro de 1974, realizou-se no Arsenal da Marinha, hoje do Alfeite, uma sessão de homenagem à memória de Bento Gonçalves, no dia do 32º aniversário da sua morte, e a que assistiram várias centenas de operários arsenalistas e em que falaram dois camarada do CC do PCP, Pedro Soares e Francisco Miguel, ambos companheiros de Bento Gonçalves no Campo de Concentração do Tarrafal.

Bento Gonçalves - recordêmo-lo aqui uma vez mais - faleceu no Tarrafal com uma biliose quando já tinha cumprido toda a pena a que o próprio tribunal fascista o havia condenado. A sua morte foi, por várias razões, um verdadeiro assassinato. Bento Gonçalves foi uma das muitas vítimas das violências e arbitrariedades do regime fascista que nos oprimiu.(...)

 

Avante

80 Anos a dar Voz aos Trabalhadores

O Avante! foi o jornal comunista clandestino que em todo o mundo, durante mais tempo, foi sempre produzido no interior de um


país dominado por uma ditadura fascista.

Durante décadas - de 15 de Fevereiro de 1931 ao 25 de Abril de 1974 - o orgão central do PCP orientou e mobilizou as lutas da classe operária e de todos os trabalhadores em pequenas e grandes batalhas contra o capital e contra o regime fundado por Salazar e prosseguido por Caetano, orientou e mobilizou sectores democráticos que perfilharam, com os comunistas, uma política de unidade antifascista visando o derrubamento da ditadura terrorista dos monopólios e dos latifúndios aliados ao imperialismo e a conquista da liberdade e da democracia.

Depois dos primeiros dez anos de existência atribulada, impeditiva de uma edição regular, que reflectia também a situação do Partido, a nível político, ideológico, de organização e de defesa perante a ofensiva repressiva do fascismo, o «Avante!», que sucedia a outras publicações comunistas anteriores à reorganização de 1929, conduzida por Bento Gonçalves, passou a ser publicado com regularidade mensal, sem uma falha, a partir da reorganização de 40/41, em que Álvaro Cunhal teve papel destacado. E, por várias vezes, fez tiragens quinzenais e semanais, tendo atingido, durante o período de grandes lutas dos anos 40, o número impressionante de 10 mil exemplares.

Dotado de uma rede de tipografias clandestinas - sempre que uma era atacada pela PIDE e destruída, ou presos os seus funcionários, outra tomava imediatamente o testemunho, assegurando sempre a publicação do jornal -


 o «Avante!» foi durante essas décadas composto e impresso por numerosos camaradas, na sua maior parte militantes anónimos, cuja vida foi dedicada a essa preciosa tarefa.

Num tempo marcado por uma forte ofensiva ideológica, com a qual os média dominantes fazem chegar todos os dias a milhões de pessoas a desinformação cirurgicamente organizada que serve os interesses do grande capital, a divulgação e leitura do Avante! coloca-se com questão crucial não apenas para os militantes comunistas mas para a generalidade dos trabalhadores - para todos os que sofrem na pele as consequências da política de direita; para todos os que assumem como referência maior os valores e os ideias de Abril.


PCP: 90 ANOS DE LUTA PELO SOCIALISMO PELO COMUNISMO

Com o seu incomparável percurso de 90 anos de luta o PCP assume, neste início da segunda década do século XXI, o seu compromisso de sempre com os trabalhadores, a juventude e o povo, a luta pela liberdade, a democracia, o socialismo e o comunismo.

O PCP assinala os seus 90 anos numa fase em que o desenvolvimento da luta de massas, marcado por importantes acções de luta - com destaque para a Greve Geral de 24 de Novembro de 2010 - dá expressão à indignação e ao protesto contra a política de direita.


 


O PCP assume-se como uma força determinante para o prosseguimento, a intensificação e o alargamento da luta, com a intervenção combativa e empenhada dos trabalhadores, da juventude, dos reformados, das mulheres, dos agricultores e pequenos empresários, para a sua unidade e intervenção colectiva, para a sua convergência numa vasta frente social de luta que concretize a exigência de uma mudança na vida do país.

Num momento em que PS, PSD e CDS tentam aprofundar o rumo de desastre nacional que conduziu o país à actual situação, a luta por uma ruptura e mudança na vida nacional que afirme uma outra política, patriótica e de esquerda, e por uma solução política com um governo capaz de a concretizar, constitui um elemento decisivo da actual fase do país, a única e verdadeira alternativa que se coloca ao nosso povo.

Uma outra política que, rompendo com o rumo de integração capitalista da União Europeia e com a política de subordinação aos interesses dos grupos económicos, concretize, num quadro de afirmação da soberania e independência nacionais presentes na Constituição da República, anseios fundamentais dos trabalhadores e do povo: o aumento dos salários e pensões e a melhoria das condições de vida da população; a defesa e desenvolvimento da produção nacional; o controlo pelo Estado dos sectores básicos e estratégicos da nossa economia; a concretização de uma nova reforma agrária que liquide a propriedade latifundiária nos campos do sul; o reforço do investimento e dos serviços públicos na saúde, educação e segurança social; uma justa reforma do sistema fiscal que tribute efectivamente o grande capital; uma política económica e monetária independente e soberana; uma política de paz e cooperação com todos os povos do mundo.

Uma ruptura e uma mudança na vida do país que estará tanto mais próxima quanto maior for o reforço do Partido e quanto mais ampla e combativa for a luta de massas. Uma ruptura e uma mudança que, afirmando os valores e os ideais de Abril, projecte a concretização de uma Democracia Avançada, tal como propõe o PCP no seu Programa. Uma democracia simultaneamente política, económica, social e cultural, rumo ao socialismo e ao comunismo.