A célula do Parque Industrial da Autoeuropa do PCP denuncia a intenção de diversas direcções de empresas do Parque que, a propósito do surto epidémico de COVID 19, tudo fazem para que a factura recaia sobre os trabalhadores.
- Na SMP, a direcção pressiona os trabalhadores a irem de férias, num quadro em que há um acordo de flexibilidade para paragens não programadas, cuja aplicação se justificaria atendendo ao actual momento. Importa lembrar que em Portugal a empresa teve 7,5 milhões de euros de lucros no último ano e, como tal, não se compreende qualquer decisão no sentido do lay-off.
- Na Inapal Plásticos foi a acção reivindicativa dos trabalhadores, através do seu sindicato de classe, que permitiu a aplicação de medidas de protecção dos trabalhadores, mitigando a falta de máscaras, desinfectantes e o reforço de limpeza dos espaços comuns que inicialmente se verificou.
Esta empresa, que já entrou em lay-off mais que uma vez nos últimos anos, decidiu mais uma vez recorrer ao lay-off, medida que resultará no agravamento das condições de vida dos trabalhadores e suas famílias.
- Na Faurecia há 178 trabalhadores que vão para lay-off. O grupo teve vendas superiores a 17,8 mil milhões de euros no último ano, facto que dificulta ainda mais a compreensão da aplicação desta medida que fará com que estes trabalhadores percam rendimentos por via do lay-off e também pela retirada do subsídio de alimentação sobrecarregando ainda mais a segurança social.
- Na DSV a produção está parada. A direcção da empresa quer que os downdays sejam divididos, transferindo para os trabalhadores metade dos custos da paragem, medida que incorre claramente num enorme atropelo aos direitos destes trabalhadores, e sobretudo, ignora os lucros sucessivos que a empresa tem tido.
- Na KWD a direcção da empresa pressionou os representantes dos trabalhadores a aceitarem que uma parte do aumento salarial fosse convertido em downdays, chantageando assim os trabalhadores para que a empresa não recorresse ao lay-off numa primeira fase.
- Na SAS, a empresa com a justificação de não recorrer ao lay-off, está a contactar os trabalhadores individualmente para que aceitem a aplicação de 7 dias de férias.
A célula do Parque Industrial da Autoeuropa do PCP afirma que o momento não pode servir para o agravamento da exploração e o ataque aos direitos dos trabalhadores.
Denunciamos também a postura de empresas de trabalho temporário como a Autovision, a Eurofirms, a Adecco, a Kelly, a Randstad ou a Global Temp, que estão a enviar cartas a trabalhadores para informar que vão rescindir contratos, constituindo assim despedimentos ilegais. Tais situações já representam mais de 650 trabalhadores despedidos. Estas empresas revelam a natureza dos seus objetivos de exploração e a consequência da precariedade laboral na vida dos trabalhadores.
Afirmamos que o caminho não deve ser o despedimento de trabalhadores mas sim a integração destes trabalhadores com vínculos efetivos nas respectivas empresas onde desenvolvem a sua atividade profissional.
Denunciamos ainda a postura da esmagadora maioria das empresas do Parque, casos da Rangel (600 trabalhadores), Vanpro (333), Isporeco (200), Acciona (80), Palmetal (34), Antolini (20), ID Logisters (20), entre outras, que obtiveram lucros fabulosos e que agora à custa dos trabalhadores e da Segurança Social têm em vista recorrerem ao lay-off, lembrando que esta medida destina-se apenas a empresas em risco de insolvência que não é o caso.
É hora de afirmar que os direitos não estão de quarentena, a redução de salários e rendimentos, com a perda de poder de compra só acrescentará mais dificuldades aos trabalhadores, que levará a dinâmicas recessivas que é preciso prevenir.
Os trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa podem contar com o PCP, na defesa dos seus direitos e salários!
4 de Abril de 2020
A célula do Parque Industrial da Autoeuropa do PCP