O Roteiro Conta a Precariedade teve início no concelho de Setúbal, com a afixação da faixa "Aqui há Precariedade!" no Estaleiro da Mitrena - Lisnave.
Na Mitrena registou-se o despedimento de 200 trabalhadores da Select, ex-trabalhadores qualificados da Getnave e Erectra e jovens oriundos da formação profissional. A Lisnave promete a readmissão destes trabalhadores em Abril, numa nova empresa criada pelo grupo, a Lisnave Yards, onde os contratados a termo não terão qualquer direito. Com o despedimento a Lisnave tem como objectivo penalizar ainda mais estes 200 trabalhadores e perpetuar a precariedade, fazendo corresponder aos postos de trabalho permanentes (funções essenciais no Estaleiro), contratos de trabalho precários.
No Barreiro, o Roteiro Contra a Precariedade denunciou as situações de crescente precariedade na Administração Pública. A obsessão pela redução do défice das contas públicas tem tido como consequência um forte ataque aos direitos dos trabalhadores da administração pública e a destruição das funções sociais do Estado.
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No ensino, o Ministério da Educação definiu rácios de trabalhadores por escola, o que resultou na imensa falta de pessoal não docente nas escolas. As necessidades são colmatadas com trabalhadores em situação precária, com Contrato de Emprego e Inserção (ex-POC's) ou por contratados à hora, cuja situação se pode prolongar durante meses. Os trabalhadores no regime de horas têm um horário de trabalho de 3 horas e meia, recebendo uma remuneração de €3,00 por hora.
Em 66 escolas e agrupamentos de escola do distrito de Setúbal 548 trabalhadores - pessoal não docente - estão em situação precária, com contratos a tempo parcial, sendo 260 oriundos dos Centros de Emprego com Contratos de Emprego e Inserção (CEI´s) e 288 são contratados à hora.
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Na saúde, aumenta o desemprego entre os jovens enfermeiros, mas o que se verifica nas instituições de saúde é a grave carência de cuidados de enfermagem. As necessidades são colmatadas com a precariedade contratual, cresce o número de enfermeiros sub-contratados e recrutados ao abrigo de falsos recibos verdes. Estes enfermeiros que asseguram necessidades permanentes dos serviços onde prestam funções deveriam ter contratos com vínculos definitivos.
O Roteiro Contra a Precariedade passou por Almada onde se contactou com trabalhadores e utentes dos transportes em Cacilhas. Denunciou-se a situação de precariedade na Metro Transportes do Sul onde se utiliza de forma sistemática o trabalho precário, apesar de toda a actividade ali desenvolvida ser de carácter permanente, alteram-se escalas na última hora e exige-se a polivalência de funções aos trabalhadores. As empresas de transporte, TST, Fertagus, Transtejo têm lucros crescentes mas para os utentes a prestação de serviços não é melhorada, nem os tarifários são reduzidos.
Numa das maiores concentrações operárias da região de Setúbal, no Parque Industrial da Autoeuropa, constatou-se que em 23 empresas com mais de 2500 trabalhadores proliferam os baixos salários e as relações de trabalho precárias. 60% dos trabalhadores do Parque Industrial têm contratos de trabalho a termo certo ou contratos de trabalho temporário.
No dia 25 de Fevereiro, o Roteiro Contra a Precariedade terminou no Arsenal do Alfeite, SA, contactando os trabalhadores e denunciando a situação precária de cerca de 600 trabalhadores que podem ver o seu contrato de trabalho terminado a qualquer momento com um aviso prévio de 90 dias, assim como situações de discriminação salarial entre trabalhadores que desempenham as mesmas funções.
O Roteiro Contra a Precariedade irá prolongar-se durante o mês de Março denunciando as injustiças sociais e exigindo a resolução dos problemas, para terminar com a insegurança, a instabilidade e a ameaça permanente de despedimento.
A precariedade não é uma inevitabilidade e é possível e urgente acabar com esta situação, pois a funções permanentes devem corresponder contratos de trabalho efectivos.