A aplicar-se esta medida, entre a meia-noite e as 9 da manhã, todos os dias da semana, todas as urgências pediátricas da região seriam encaminhadas para o já sobrelotado Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Só as urgências pediátricas do Hospital de S. Bernardo atenderam no ano passado no período nocturno cerca de 10 mil casos. A ideia de que todas as crianças do distrito de Setúbal devem recorrer no período nocturno ao Hospital Garcia de Orta é inadmissível. Falamos de grandes distâncias, falta de transportes públicos e de um Hospital que já tem dificuldades em responder à população dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra - quanto mais à de todos os outros concelhos. Com o encerramento destas urgências seriam prejudicadas as crianças de toda a região.
Ainda recentemente, durante as suas jornadas parlamentares, o PCP pôde confirmar junto da Administração do Hospital Garcia de Orta, dos profissionais e dos utentes, as crescentes dificuldades que a falta de médicos causa àquele Hospital, que inclusivamente podem levar ao encerramento parcial do serviço de obstetrícia e ginecologia no período do Verão.
O Governo pretende levar a cabo estes encerramentos precisamente num período em que acorrem à região de Setúbal milhares de turistas que procuram as zonas balneares, colocando ainda mais pressão nos serviços de urgência.
O Governo invoca a falta de médicos que assegurem as urgências para estes encerramentos. No caso do Centro Hospital Barreiro-Montijo, sabe-se que existem profissionais em número suficiente para assegurar estas urgências. A confirmar-se que é esse o motivo para esta decisão do Governo, o que se exige é a tomada imediata de medidas para contratar os profissionais necessários para garantir a saúde das crianças da região e o funcionamento normal destas três urgências.
Esta situação mostra que o caminho que tem sido trilhado pela política de direita levará à destruição do Serviço Nacional de Saúde. Anos de uma política economicista que não tem garantido a necessária formação de profissionais nem o investimento na criação de condições de trabalho, de privatizações e privilégio aos interesses dos grandes grupos económicos no sector de saúde, trazem-nos a este resultado.
A medida contida no PEC, da responsabilidade do PS e do PSD, de cortar nos postos de trabalho da Administração Pública levará a que casos destes se repitam mais vezes e em mais sectores. O que se exige é uma ruptura com estas políticas, que conduzem o país à crise e ao desastre nacional.
O PCP apela aos trabalhadores, aos utentes dos serviços de saúde, às famílias, às autarquias e à população em geral para que se unam num veemente protesto contra estes anunciados encerramentos e saúda a convocação por parte da Comissão de Utentes da Saúde de S. Sebastião de uma vigília para a próxima segunda-feira, 14 de Junho, pelas 19 horas, frente ao Hospital de S. Bernardo, em Setúbal.
Existem na região diversos exemplos de que a luta determinada das populações e dos utentes impediu o encerramento de serviços e obrigou ao alargamento de outros. Com a unidade e a luta dos trabalhadores e das populações é possível impedir estes encerramentos e garantir o acesso de todos, e em particular das crianças, à saúde.
O Executivo da DORS do PCP
Setúbal, 9 de Junho de 2010