Posteriormente o Primeiro-Ministro Mário Soares recusou-se a transformar a Mundet numa empresa de capital público, optando por entregá-la aos antigos patrões, contra a vontade dos trabalhadores. A empresa começou paulatinamente a definhar, até que em 1985, os trabalhadores começaram a não receber regularmente os seus salários. Os trabalhadores e os seus representantes apresentaram propostas para a celebração de um contrato de viabilização que chegou a ser aprovado por maioria em Assembleia-geral de Credores, mas que o poder político PS - PSD e CDS sucessivamente não respeitou, preferindo optar pela criação de monopólio no sector corticeiro e entregá-lo à família Amorim.
A actividade e existência da empresa Mundet terminaram em 1988, com uma dívida na ordem dos 120 mil contos, mesmo com uma carteira encomendas bastante significativa. Em 1993 as dívidas ascendiam a 882 mil contos. Ficaram salários por pagar, bem como as respectivas indemnizações.
Passados 23 anos após o encerramento da Mundet, os trabalhadores começaram a receber as vergonhosas indemnizações, entre 26 cêntimos e cerca de 30 euros. O Tribunal da Relação de Lisboa, dando corpo às decisões políticas dos sucessivos governos PS/PSD e CDS, decidiu privilegiar a banca penalizando os trabalhadores.
Esta decisão é um verdadeiro crime, um atentado à dignidade humana dos trabalhadores da Mundet que deram dezenas de anos, alguns a vida inteira à empresa, motivo pelo qual não devem baixar os braços e encetar novas formas de luta, o PCP manifesta a sua total disponibilidade para apoiar, de todas as formas ao seu alcance, as justas lutas que os trabalhadores decidam realizar, até ao dia em que recebam o que lhes é devido.